Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/10071/35740
Editor: Alves, Paulo Marques
Baptista, Virgínia
Date: Dec-2024
Title: Atas da I Conferência Mulheres, Mundos do Trabalho e Cidadania: Diferentes olhares, outras perspetivas
Pages: 1-579
Event title: I Conferência Internacional “Mulheres, Mundos do Trabalho e Cidadania – Diferentes Olhares, Outras Perspetivas”
Reference: Alves, P. M. & Baptista, V. (Ed.) (2024). Atas da I Conferência Mulheres, Mundos do Trabalho e Cidadania: Diferentes olhares, outras perspetivas. DINÂMIA’CET-Iscte, Instituto de História Contemporânea, 1-579. http://hdl.handle.net/10071/35740
ISBN: 978-989-781-174-6
Keywords: Mulher
Condições de trabalho -- Work conditions
Cidadania -- Citizenship
Abstract: Em 1929, Virginia Woolf, no seu renomado ensaio A Room of One’s Own, refere-se a duas palestras que havia dado no ano anterior nos college femininos de Newnham e Girton, em Cambridge. Nelas, perante plateias de estudantes, começou por enfatizar que às mulheres não era dado o destaque a que tinham direito no processo histórico, o que seria indiciado pela ausência de obras nas prateleiras das bibliotecas universitárias, tendo terminado proclamando a necessidade de se reescrever a História para acabar com esta invisibilidade. O apelo de Woolf só veio a materializar-se alguns decénios mais tarde, tendo Scott (1983) sublinhado que, sobretudo a partir da década de 70, as prateleiras das livrarias e das bibliotecas tinham passado a estar relativamente bem guarnecidas com obras realçando o papel das mulheres na História, o que veio a aprofundar-se nas décadas seguintes. Em primeiro lugar, as mulheres sempre trabalharam, embora o seu trabalho tenha sido invisibilizado durante muito tempo. Um marco relevante para o tornar visível é o número de Le Mouvement Social de 1987, integralmente dedicado ao trabalho das mulheres e onde se insere o artigo da historiadora Michelle Perrot intitulado Qu'est-ce qu'un métier de femme?, onde a autora começa por afirmar perentoriamente que “Les femmes ont toujours travaillé”, afirmação que será posteriormente repegada por Schweitzer para título do seu livro de 2002. Mas não foi só o campo historiográfico que começou a interessar-se pelo trabalho das mulheres como objeto de estudo no mundo francófono. No campo da Sociologia e, nomeadamente, da Sociologia do Trabalho, o mesmo sucedeu, sendo de destacar durante esta década de 80, o livro coletivo dado à estampa em 1984, bem como os trabalhos de Kergoat (1982, 1984) ou de Maruani (1985, 1989), autoras que prosseguiram as suas pesquisas nas décadas seguintes, a elas se tendo juntado outras, como Hirata (e.g. 1996, 1998) ou Silvera (e.g. 1995, 1998, 2000). De acordo com Lurol (2001, p. 5), no campo da Sociologia do Trabalho francesa, os estudos seminais sobre o trabalho das mulheres remontarão aos finais da década de 60, destacando-se três contributos filiados em distintos paradigmas: o de Guilbert (1966a), na tradição marxista via Georges Friedmann e Pierre Navile; o de Michel (1967), devedor dos trabalhos de autoras feministas anglo-saxónicas; e o de Sullerot (1968), inserido no paradigma familiarista. Para Lurot, a conjugação de três fatores contribuiu decisivamente para a emergência deste campo de estudos: o crescimento económico ocorrido durante os Trente Glorieuses (Fourastié, 2000 [1979]) anos que se seguiram ao final da IIª Guerra Mundial; a inserção massiva das mulheres no mercado de trabalho, sobretudo a partir da década de 60; e o ativismo do importante movimento feminista francês, onde pontificavam nomes como o de Beauvoir (1987 [1949]), bem como o trabalho da AFFER – Association Femmes, Féminisme et Recherche que, em 1982, organizou em Toulouse um importante colóquio intitulado Femmes, Féminisme et Recherches, e que estará na origem da fundação em 1989 da ANEF – Association Nationale des Études Féministes.
Peerreviewed: yes
Access type: Open Access
Appears in Collections:DINÂMIA'CET-AC - Atas de congresso/Proceedings (organização, edição literária, ...)

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